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Portugal deve abrir-se a atores africanos “cruciais” como Costa do Marfim

Portugal deve abrir-se a atores africanos “cruciais” como Costa do Marfim


Portugal deve aproveitar a abertura de países “cruciais” no contexto africano, como a Costa do Marfim, para aprofundar as relações bilaterais. Para o investigador Paulo Gorjão (IPRIS), seria do interesse português, mas também dos parceiros africanos lusófonos, alargar a rede de influência.

A recente visita a Portugal do ministro dos Negócios Estrangeiros da Costa do Marfim, Charles Diby (16 e 18 de Março) é analisada por Gorjão num artigo para o Instituto Português de Relações e de Segurança (IPRIS). O governante esteve em Lisboa para dar um novo impulso às relações bilaterais, a nível económico e político-diplomático.

Para Gorjão, atualmente “as relações político-diplomáticas e económicas de Portugal com os países da África subsaariana estão excessivamente centradas nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa”. Interessa aplicar uma “estratégia mais alargada” para diversificar as relações diplomáticas na África subsaariana.

“Seria mutuamente benéfico, para Portugal e para os PALOP, mas também para a União Europeia, se a diplomacia portuguesa conseguisse aprofundar as suas relações bilaterais com alguns parceiros cruciais na África Ocidental, como é o caso da Costa do Marfim”, afirma. A região é estratégica para Portugal, até pela inserção de Cabo Verde e da Guiné- Bissau.

Entre os assuntos de interesse comum, o investigador destaca a instabilidade na África Ocidental, no Sahel e no Golfo da Guiné, flagelada pro fenómenos como o vírus do Ébola, o terrorismo e a pirataria. “Depois da visita de Diby, é Portugal quem tem a responsabilidade de prosseguir o esforço de aproximação. Se houver vontade política, naturalmente”, adianta.

A Costa do Marfim abrirá em breve uma embaixada em Lisboa. O ministro português dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, prometeu reabrir a representação diplomática de Portugal em Abidjan o mais rapidamente possível, “o que certamente nunca acontecerá antes de 2016, na melhor das hipóteses”, afirma Gorjão.

Membro da comunidade regional da África ocidental (CEDEAO), a Costa do Marfim tem tido um papel importante no dossier da Guiné-Bissau. Por seu lado, Angola foi um actor importante na política marfinense, com um apoio declarado ao ex-presidente Laurent Gbagbo, cuja deposição em 2011 motivou uma guerra civil de que o país está ainda a recuperar.