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Moçambique: Crime Organizado Regional Estimula Insurgência em Cabo Delgado

Moçambique: Crime Organizado Regional Estimula Insurgência em Cabo Delgado

Apesar de enfatizado a nível público oficial por responsáveis governamentais estrangeiros, o elemento religioso no conflito de Cabo Delgado, e em particular o envolvimento do Estado Islâmico, é crescentemente desvalorizado, por fontes habilitadas no terreno, como preponderante face a outros factores que concorrem para a manter activa a insurgência. A ameaça islâmica, foi evocada recentemente - e de forma mais contundente do que o habitual - pelo responsável contra-terrorismo do Departamento de Estado dos EUA, NATHAN SALES, que a enfatizou no regresso de uma missão a Moçambique/ África do Sul em DEZ., de forma interpretada como visando pressionar o Governo de FILIPE NYUSI (FN) a aceitar a ajuda disponibilizada (AM 1278).
Mocímboa da Praia é reconhecido como principal entreposto dos fluxos comerciais, na sua maior parte ilegais, entre Moçambique e as Comores, e considerado essencial para as máfias que dominam essas operações, o que explica que a localidade tenha representado simbolicamente o início da insurreição e que os grupos armados de inspiração islâmica a tenham atacado sucessivamente até a ocuparem, desde MAR.
Ao longo dos últimos anos, circularam notícias e imagens que indiciaram o conhecimento da identidade de muitos dos guerrilheiros por parte da população local. Conforme apurado, os insurgentes impuseram uma nova “ordem social” na vila e arredores e onde estão ausentes todos os símbolos e presença do Estado. A população que permaneceu na vila submete-se às novas regras que passam pela separação durante o dia de homens, mulheres e crianças e a entrega de tarefas específicas a cada grupo.
Estas análises desvalorizam a importância da Tanzânia no conflito, considerando a tendência de alastramento regional como uma consequência da confluência de interesses diversos na desestabilização da região, onde se inclui a propaganda do Estado Islâmico, que utiliza o Islão como pretexto para se afirmar em África. LER MAIS