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Angola: De Médio a Pequeno Produtor de Petróleo Dentro de 10 Anos

As companhias petrolíferas que operam em Angola têm vindo a anunciar ao Governo a intenção de não efectuar novos investimentos na prospecção/produção de petróleo no off-shore (águas profundas), comprometendo-se apenas com outros contratados do antecedente. Em geral, consideram que as elevadas taxas de esgotamento em que se encontram os depósitos em exploração tornariam anti-económicos novos investimentos.
A Estratégia de Exploração de Petróleo e Gás 2020-2025 (EEPG), recentemente aprovada pelo Governo, prevê a identificação de reservas de 40-57 biliões de barris de petróleo, mais de 5 vezes as reservas actualmente identificadas, e de 17,5-27 triliões de pés cúbicos de gás. Confirmando previsões independentes de rápido declínio da produção dos actuais poços, as projecções da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANPG) colocam em evidência a urgência dos esforços de desenvolvimento de áreas marginais e novos blocos (AM 1259).
De acordo com a EEPG, cujas previsões em relação ao nível de produção na próxima década são significativamente mais optimistas do que as mais recentes em meios petrolíferos, o insucesso na identificação de reservas nos últimos anos tornou a situação actual “crítica”. A previsão da EEPG é anterior à suspensão da quase totalidade das actividades de pesquisa registada entre MAI.-JUN.2020, em parte levantada a partir do segundo semestre, graças à recente recuperação dos preços Brent (AM 1259).
A produção de petróleo no on-shore, outro elemento com que as autoridades dizem contar para o declínio da exploração em águas profundas, é considerado “ilusório” em meios petrolíferos internacionais. A produção de petróleo no on-shore de Cabinda, limitada a um bloco no S do território (o do N paralisou) não ultrapassa 5.000 bpd. As expectativas oficiais em relação ao potencial da bacia do Cuanza são também consideradas “irrealísticas”.
O sector mineiro de Angola é apontado como um dos que apresenta condições para compensar a desvalorização contínua do petróleo como grande recurso natural do país. A agricultura, incluindo agro-indústria, é o outro. Em meios ligados a grandes companhias mineiras internacionais (Rio Tinto, Anglo American, De Beers e outras) considera-se por isso “estranho” a lentidão na abertura do sector ao investimento externo – o único capaz de o desenvolver. LER MAIS