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Depois de “assalto” ao PAICV, Janira espera salto dentro do governo de Cabo Verde
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Mulher, 36 anos, sem apoio das atuais chefias do PAICV ou dos históricos do partido, Janira Hopfer Almada era a incógnita da disputa a 3 pela liderança. Surpreendeu todos com uma vitória folgada e em 2015 deverá assumir um lugar de maior destaque dentro do governo.
Actual ministra da Juventude, Emprego e Desenvolvimento dos Recursos Humanos, Janira conseguiu a proeza de bater à primeira volta o favorito, Felisberto Vieira “Filú” nas eleições do passado fim de semana. Mais ainda, relegou para um penoso último lugar a sua colega de governo Cristina Fontes, vista como beneficiando do apoio do primeiro-ministro e até agora líder do partido, José Maria Neves.
Segundo a newsletter Africa Monitor Intelligence, Janira deverá agora subir na hierarquia do governo, eventualmente para o cargo de vice-primeira-ministra. A meio do ano, poderá assumir a chefia do governo.
O mandato de José Maria Neves apenas termina no início de 2016, mas a imagem do governo está desgastada e o PAICV precisa de um último ano forte apresentar-se com mais força às próximas eleições.
A forma como o Governo vem gerindo o combate à criminalidade, marcada pelo recente assassinato da mãe de uma inspectora da Polícia Judiciária com acção destacada na prisão de narcotraficantes, foi considerada ilustrativa de falta de prontidão do governo, segundo o AM Intelligence. O aumento da taxa de IVA para fazer face aos custos da erupção vulcânica na ilha do fogo também foi mal recebida, sobretudo dentro do governo.
O ano corrente vai terminar com Cabo Verde numa situação geralmente considerada “difícil”, com crescimento do PIB próximo do zero, taxa de desemprego, principalmente jovem, a superar os 15%, acentuação do clima de insegurança interna e mau funcionamento do sistema de justiça.
Com a ministra das Finanças, Cristina Duarte, figura chave do Governo, em plena candidatura à presidência do BAD, alguns afirmam que José Maria Neves se inclina por um cargo internacional de relevo, podendo mesmo afastar-se da governação.
Alguns dos apoiantes de Felisberto Vieira, confiantes na vitória nas eleições para a liderança do partido, defendiam mesmo que fosse este a assumir a liderança do governo até às eleições.
A hipótese de o Presidente vetar esta solução e antecipar eleições, é considerada pouco provável, até porque existe um precedente similar; Carlos Veiga deixou o cargo de Primeiro-Ministro em 1999, último ano do respectivo mandato, para se dedicar à sua candidatura presidencial. Foi substituido pelo então Vice-Primeiro-Ministro, Gualberto do Rosário.
A solução poderá chegar só em Janeiro de 2015, no congresso ratificativo, no qual a nova líder apresenta a nova direcção do partido