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Angola à procura de 25 mil milhões de dólares para manter investimento

Angola à procura de 25 mil milhões de dólares para manter investimento

 
Dois mil setecentos e cinquenta e nove mil milhões de kwanzas ou 25,2 mil milhões de dólares. É este o montante de financiamento de que Angola precisa para compensar o corte no Orçamento, motivado pela quebra das receitas do petróleo. Oficialmente, é preciso para continuar a investir em projetos de infra-estruturas.

O montante foi indicado por Abraão Gourgel, ministro da Economia angolano. Supera largamente o “buraco” orçamental, resultante do evaporar de receitas. A maior fatia virá da banca angolana – 15,2 milhões de dólares – e o restante de financiamento externo.

Em entrevista ao Financial Times, Gourgel apontou claramente as fontes de onde se espera que o financiamento jorre. Entre elas, está o Banco Mundial, que pela primeira vez deverá conceder crédito a Angola, no montante de 500 milhões de dólares.

Outras fontes identificadas são linhas de crédito bilaterais com países como a China, Brasil e até mesmo Espanha. De Pequim já veio um crédito de mil milhões de dólares, canalizado para a Sonangol.

Junto de duas importantes firmas dos mercados financeiros de Wall Street e da City de Londres, incluindo a gigante Goldman Sachs, foi assegurado crédito de 500 milhões de dólares. Em 2015, Angola deverá ir aos mercados financeiros para vender obrigações no valor de até 1,5 mil milhões de dólares, segundo fontes do sector financeiro.

Para o FT a situação em Angola “demonstra como os países exportadores de petróleo da África subsaariana são vulneráveis” economicamente. Mais à frente, Gourgel promete “acelerar a velocidade de diversificação” da economia para novos sectores, nomeadamente a agricultura, minas, pescas e indústria.

Na entrevista, Gourgel afirma que alguns projetos de infraestruturas não arrancaram e outros foram reprogramados. Outros vão abrandar, mas “uma parte grande dos projetos são financiados por linhas de crédito estrangeiras, e portanto não sentirão qualquer impacto”. Entre os projetos prioritários está a nova refinaria, avaliada em 6 mil milhões de dólares.

O Orçamento de Estado angolano para 2015 foi feito no pressuposto de que o preço do barril de petróleo rondaria os 81 dólares, quase o dobro da cotação atual. O governo angolano reviu posteriormente a projeção, assim admitindo que conta com menos 14 mil milhões de dólares de receitas.

Segundo o Africa Monitor Intelligence, a pobreza que atinge parte substancial da população e as desigualdades consideradas flagrantes entre estratos, é usualmente identificada como foco potencial de eventuais convulsões internas. O outro é a chamada intolerância política, a que o presidente também prestou atenção.