Africa Monitor

Acesso Livre

Paulo Guilherme

Notas do Editor: Frelimo até 2023?

Notas do Editor: Frelimo até 2023?

Há 6 meses, com as detenções de elementos próximos de Armando Guebuza (incluindo o seu próprio filho...) ligadas às dívidas ocultas, o "verniz estalou" na Frelimo.

Há cerca de 3 meses, em vésperas do Comité Central do partido, a recandidatura presidencial de Filipe Nyusi era disputada internamente. 

Hoje, a poucas semanas de Nyusi iniciar uma visita de Estado a Portugal, tudo parece encaminhar-se para uma reeleição do actual presidente nas eleições de Outubro. E para mais 5 anos de Frelimo no poder. 

Ainda esta semana, o presidente improvável - a que poucos vaticinaram mais do que um lugar no Comité Central (que ocupava antes de entrar no lote de presidenciáveis, noutra profunda divisão na Frelimo, há 5 anos) - terá um momento de glória: a assinatura da decisão final de investimento para a Área 1 do gás natural (GNL) em Cabo Delgado.

Na situação militar em Cabo Delgado as FADM tomaram a iniciativa, como demos conta no Africa Monitor. E mesmo na questão do "default" nas dívidas ocultas vai-se caminhando para uma solução

Na Renamo, pelo contrário, Ossufo Momade vem "perdendo o pé", e a "maré" eleitoral vai subir muito nos próximos meses...

De Angola, destaque no Africa Monitor para a envolvente do Congresso Extraordinário do MPLA (15 de Junho), em que João Lourenço "recheou" o Comité Central de correlegionários. Uma envolvente feita de um MPLA a demonstrar vícios do passado - tanto no trato com a oposição, como no compadrio

Retrato dos esforços (e resistências, muitas) para acabar com os vícios do passado é dado pela situação crítica da Angola Telecom, uma das empresas do regime.

Na Guiné-Bissau, o impasse político mantém-se, aproveitando aos diversos tráficos e negócios ilícitos que prosperam no vazio do Estado. Situação que, aliás, se vem verificando noutros Estados africanos expostos à influência de traficantes, nomeadamente chineses.

A ajuda ao desenvolvimento, essa, no caso português pelo menos, tem caído incessantemente - não obstante a visibilidade que a secretária de Estado da pasta, Teresa Ribeiro, vai obtendo, via comunicação social, para as suas iniciativas. O dinheiro que tem faltado para apoiar ONG no terreno, contudo, sobra para projectos tendentes a entreter clientelas domésticas.

Finalmente, em Cabo Verde, onde os bancos portugueses perderam influência de forma abrupta, foco no Africa Monitor para o processo de venda do Banco Comercial do Atlântico pela Caixa Geral de Depósitos.