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Moçambique: Nyusi Pressionado por Avanços de Insurgentes em Cabo Delgado

Moçambique: Nyusi Pressionado por Avanços de Insurgentes em Cabo Delgado

Na avaliação do Governo de PR FILIPE NYUSI (FN), a principal fragilidade denotada pelas FDS é a falta de efectivos especializados no combate ao terrorismo, facto não suprido pela utilização de peritos e meios aéreos da Wagner (Rússia) e, mais recentemente, de mercenários sul-africanos. Dada a insuficiência, é avaliada como essencial a formação de tropas especializadas, a par de uma tentativa de conter o conflito com recrutas e empresas militares privadas.

Entre 14-15.NOV foram registados vários ataques calculados contra posições das forças armadas moçambicanas (FADM) na região, entendidas como uma forma de determinar sua a prontidão. A resposta da FADM foi limitada, concentrando-se sobretudo na defesa de Mueda. 

Mueda alberga o Comando Operacional Conjunto das FADM, mas a situação é de desorganização logística, descoordenação operacional e de falta de moral. O salário mensal de um soldado ronda os EUR 50 e a falta de exemplo dos oficiais superiores constitui mais um factor de desmotivação, tornando comuns fugas e deserções. A tomada de Mocímboa da Praia pelos insurgentes, que ali permanecem, constitui um precedente no sentido do mesmo poder ocorrer em Mueda. Em Mocímboa estavam estacionadas 2 unidades militares. 

Fontes independentes estimam que o número de deslocados se aproxime já dos 515.000 como consequência do abandono das aldeias e destruição de habitações. Os distritos de origem dos deslocados são sobretudo Mocímboa da Praia, Macomia, Muidumbe, Quissanga, Palma, Ibo, Nangade. O cenário de agravamento da situação em Mueda tenderá a gerar um aumento do número de deslocados tendo em conta que o distrito concentra c. 10% da população da província (c. 140.000 habitantes).

Em termos operacionais, uma ocupação de Mueda pelos insurgentes condicionaria fortemente a capacidade operacional das FADM e isolaria Palma do resto da província, através do controlo das vias de comunicação pelas células armadas. LER MAIS