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Cabo Verde: Interesses Imobiliários de Novo em Foco em Atentado Contra Autarca

O atentado contra ÓSCAR SANTOS (OS) em 2019, então presidente da Câmara Municipal da Praia (CMP), teve um "modus operandi" semelhante a anteriores, contra o ex-procurador da República ARLINDO FIGUEIREDO SILVA; contra a mãe de KÁTIA MOREIRA, inspetora da Polícia Judiciária; contra JOSÉ LUÍS NEVES, filho de ex-PM JOSÉ MARIA NEVES. 
Grupos de capital libanês e russo estão entre os mais activos no sector imobiliário, construindo centros comerciais em diversos bairros da Praia, incluindo em terrenos cedidos pela CMP em zonas onde os moradores exigem espaço verdes e zonas de lazer. Pela quantidade de terrenos que tem conseguido da CMP, tem-se destacado no processo o grupo libanês Kin Negoce. O relacionamento da CMP com o grupo é considerado particularmente suspeito em meios ligados às forças de segurança (AM 1209). O narcotráfico e outras actividades ilícitas são consideradas origem dos fundos que sustentam o recente "boom" imobiliário na capital - usado para introduzir fundos na economia formal. 
A inclinação que o narcotráfico internacional denota pela utilização de Cabo Verde como "placa giratória" para o trânsito e armazenamento de droga tem vindo a aumentar nos últimos anos. Organizações internacionais dedicadas à investigação e combate ao narcotráfico, assim como instituições nacionais de natureza equiparada (polícias ou serviços de "intelligence"), umas e outras especialmente atentas à situação no NO de África, têm vindo a prestar atenção crescente ao caso de Cabo Verde (UNODC, DEA, NATO), de forma considerada oficiosa (AM 894). 
O presidente da Câmara de Santa Catarina, ilha de Santiago , JOSÉ (´BETO) ALVES FERNANDES (BA), foi baleado a 22.DEZ na sua residência. O atentado apresenta fortes semelhanças com o que teve como alvo OS, cujos autores nunca foram capturados. Ambos foram atingidos a curta distância, sendo a não letalidade do disparo aparentemente intencional, como forma de "aviso".
A sucessão de casos de ameaças e ajustes de contas violentos envolvendo titulares de cargos públicos a nível autárquico, além de elementos da PJ, tem vindo a expor o carácter violento de algumas das redes ligadas ao imobiliário e/ou narcotráfico, e a fragilidade das instituições cabo-verdianas perante as mesmas. LER MAIS